#Club&Casa Home – Entrevista com André Gurgel e Felipe Bezerra, dupla criativa do estúdio Mula Preta.
Embalados pela “Moda da Mula Preta”, canção de Luiz Gonzaga, a premiada dupla cria versos em forma de design criativo e cheio de significado. Confira a entrevista exclusiva!
Texto: Angela Villarrubia
Fotos: Divulgação
Eu tenho uma mula preta com sete palmos de altura, a mula é descanelada, tem uma linda figura…”, versa a canção “Moda da Mula Preta”, de Luiz Gonzaga, que inspirou o inusitado nome do estúdio de design surgido na cidade de Natal (RN), formado pelos criativos André Gurgel e Felipe Bezerra.
Como eles tinham o objetivo de expandir seu raio de alcance além das fronteiras potiguares, assentaram um tripé com o empreendedor Uelinton Ribeiro, que resultou em seu desembarque em São Paulo, na Al. Gabriel Monteiro da Silva. Nessa via, ergueram um showroom de linhas contemporâneas, projetado
por Felipe, que também é arquiteto. A sua profissão, por sinal, possibilitou o encontro com André (um quase engenheiro elétrico, pois não chegou a se formar), que desenvolvia maquetes eletrônicas para o seu escritório.
Após anos de colaboração e reconhecimento de compatibilidades, resolveram se juntar para formar o inspirado duo. “André é mais novo do que eu, mas há um encontro de gerações e de afinidades. André tem um talento nato, é multifuncional”, observa Felipe. “Sentamos para bolar o nome do estúdio e uma estratégia. Natal não é centro produtor ou consumidor, e nossa ideia foi fazer boas imagens, protótipos – na medida do possível, na marcenaria de um amigo – e inscrições em concursos. Vencemos uns quinze”, revela o profissional.
Como bons parceiros, hoje em dia eles repartem as localizações geográficas: enquanto André se mudou para a Pauliceia e toca o dia a dia do showroom, Felipe permanece trabalhando na capital potiguar. “Vim para São Paulo porque também tenho uma startup de tecnologia, mas isso foi igualmente bom para o Mula Preta: viajávamos muito para cá, e a mudança nos ajudaria a ter um maior número de reuniões presenciais e estabelecer um link mais estreito”, explica André.
O trabalho do duo está repleto de referências. Tudo os inspira, como a própria natureza ou a cultura do nordeste (basta apreciar a sinuosa poltrona Duna para perceber isso). Um senso de humor inteligente também é uma de suas marcas registradas (como a caixa de som com formato de apito), assim como os nomes marcantes de algumas de suas peças, como a cadeira Sir Mick Jagger, para entrar em contexto.
Eles também se tornaram conhecidos por criar peças que encantam aos entusiastas dos jogos de mesa.
Uma delas, de xadrez, foi divertidamente batizada de Cambito, em homenagem à série quase homônima da Netflix. Existe um histórico por trás disso, já que Felipe praticava esse esporte quando criança, ensinado pelo avô, enquanto André até fez carreira, ao participar de competições regionais. Agora, ainda com certo espírito tático dos enxadristas, praticam os jogos do design, mas sempre levados pelo prazer da criação.