#Club&Casa Home – Fruto da terra: Sergio J. Matos exibe o poder do design brasileiro
Um dos principais astros do design nacional, Sergio J. Matos bebe da fonte da cultura brasileira
Texto: Angela Villarubia
Fotos: divulgação
Paranatinga, no interior do Mato Grosso, faz parte da chamada Amazônia Legal e está relativamente próxima do Parque Indígena do Xingu. Pois foi nesse pequeno município que nasceu Sergio J. Matos, no coração de uma família humilde. Na capital do estado, Cuiabá, começou a cursar publicidade e marketing, mas logo percebeu que não era o que queria para si, e foi estudar design industrial em Campina Grande, na Universidade Federal da Paraíba – e finalmente se encontrou!
Hoje, ele é um dos profissionais mais reconhecidos do setor, com enorme talento e, inclusive, carisma. Atualmente mora em São Paulo, onde mantém seu showroom, embora o seu estúdio continue na cidade parai – bana, conhecida pelo maior São João do mundo, além, é claro, de ser um dos principais polos industriais do Nordeste.
Um dos grandes atrativos de seu trabalho está em seu visível embasamento nas raízes brasileiras, com referências a nossa cultura, fauna, flora e geografia, com conceitos que remetem especialmente ao Nordeste. “Uma das coisas que me ajudaram muito foi ter mudado para essa região. Hoje eu carrego as suas referências. Devo muito ao Nordeste, devo a minha linguagem”, ressalta o profissional, que, a partir daí, foi incluindo os sopros de inspiração dos outros lugares por onde passou.
Suas peças muitas vezes têm esses nomes tão característicos e sonoros, como Carambola, Marakatu, Bodocongó…Todas elas, e muitas mais, são consideradas autênticos objetos de desejo. Sua criação preferida é a cadeira Cobra Coral, de cores possantes e muita personalidade. Ao desenhá-la, imaginava uma mesa de jantar rodeada por várias delas, mas logo percebeu que só a venderia de uma em uma, como item de destaque em uma ambientação. Uma experiência marcante foi sua admissão no Salão Satélite, dentro do Salão do Móvel de Milão, voltado para jovens talentos. O melhor: ele não se inscreveu para participar, mas, de alguma forma, seu portfólio chegou às mãos de Marva Griffin, sua mítica curadora, que o convidou. Sergio esteve por lá durante três edições, além de uma participação especial pelos 20 anos do evento, fatos que lhe deram visibilidade junto à mídia especializada e aos lojistas brasileiros, ganhando reconhecimento na esfera do design.
Em novembro de 2010 abriu seu estúdio e começou, ele mesmo, a produzir suas peças e a envolver-se com outras feiras. Seu espírito aberto também o levou a diversas experiências que o enriqueceram como profissional e, especial – mente, como ser humano. Ele já fez, por exemplo, consultoria na área de artesanato para o Sebrae e para o Museu do Homem do Nordeste, por intermédio dos quais passou temporadas em comunidades, inclusive indígenas, nos estados do Amazonas, Pernambuco e Paraíba, para ajudar a desenvolver os trabalhos manuais locais, sempre com respeito às pessoas, fazeres e distintas culturas.
Para o designer, a troca é importante. Ele não só colabora com esses artesãos, como também aprende com eles e com a riqueza de um Brasil muitas vezes esquecido e/ou pouco valorizado. E isso amiúde se reflete em suas próprias criações. De sorriso franco e a energia de quem ama o que faz, Sergio está sempre disposto a novas criações, viagens e experiências. Que venham!