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#Club&Casa Home – A busca pela simplicidade e pela essência das coisas impulsiona as criações de Guilherme Wentz

Designer e empreendedor, Guilherme Wentz está de olho nas linhas puras e na profundidade dos conceitos, com vistas ao consumo consciente e à aproximação à natureza.

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Texto: Angela Villarrubia

Fotos: Divulgação

“Eu me permito ficar numa camada mais conceitual, em questões de estilo de vida, que é o que me interessa”, destaca Guilherme Wentz.

O jovem Guilherme Wentz viu sua expectativa em relação à vida mudar graças às viagens que fazia com os amigos ao litoral, para surfar. O despojamento de se alojar em uma cabana de pescador – o único que podia pagar naquele momento – e algumas leituras o levaram a questionar os paradigmas que havia colocado para si mesmo e resolveu largar os estudos de administração de empresas. “A minha escolha foi meio aleatória, pois tinha amigos [no mundo] da moda, da arquitetura, e achei que o design de produto talvez fosse um pouco mais próximo da administração, que estivesse mais inserido na indústria”, relembra. Naquele momento, descobriu profissionais que tinham no seu discurso as mesmas questões que o fizeram mudar de rumo: a busca pela simplicidade e pela essência das coisas. “Assim como a moda, pela qual sempre me interessei, o design de móveis poderia ser uma plataforma de estilo de vida. Não só função ou tradição”, assinala.

Ele ressalta que tinha “preconceito” em relação ao design de mobiliário, pois as referências ao seu redor eram clássicas, tradicionais ou genéricas. Seu primeiro projeto na faculdade, porém, foi o de uma escrivaninha, o que resultou na Officer, peça posteriormente lançada pela Decameron. E foi assim que tudo começou!

O grande salto veio em 2019, ao fundar a marca Wentz e abrir showroom próprio em São Paulo. O próximo passo é colocar a pleno vapor uma fábrica em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, sua cidade natal, para a produção de luminárias e objetos metálicos – e continuar contando com fornecedores para as demais linhas. O objetivo destas iniciativas é pensar em coleções maiores, na sua comunicação em geral, na arquitetura da loja e na experiência do consumidor. Guilherme não está só nessa empreitada: tem a holding norte-americana Brazilian Design Investment Group (BDIG) como sócio investidor, além de contar com Cintia Ferro, que também atua como diretora comercial e de marketing. Desde o início ele desejava uma marca global de design brasileiro, e não uma marca brasileira que em algum momento pudesse exportar – como já faz para os Estados Unidos. A sua meta, por sinal, é equilibrar a balança entre as vendas no Brasil e os envios ao exterior.

De fala rápida, Guilherme diz não apreciar a ostentação – e busca exatamente o oposto em seu trabalho, com criações de linhas puras. A sua procura é, em primeiro lugar, pelo despojamento, como filosofia de vida, como forma de se colocar na sociedade. Em segundo, tentar aproximar a cidade ao meio ambiente. “Acredito que as coisas mais simples e essenciais acalmam o cérebro e nos deixam mais relaxados em nossas moradas. A casa é o refúgio da vida urbana”, enfatiza. “Aos poucos coloquei mais camadas [em suas peças]. Não era só me despir dos elementos sociais, mas trazer a própria natureza [para o âmbito da criação]. E comecei a roubar alguns de seus signos e lógicas”, observa. Ele deixa claro que não gosta da palavra minimalismo, por ter se tornado um clichê. “A ideia é conseguir viver com menos, fazer boas escolhas para o consumo consciente. Costumo dizer que, quando desenho, imagino uma cabana na beira de uma praia deserta, com os pés na areia. Tudo o que faço vai mobiliando essa cabana”, finaliza, com o pensa mento voltado para uma existência melhor.

O cabo de energia é o ponto de partida da luminária pendente Corda, que explora a frugalidade das formas e levanta conceitos abstratos como a sensação da gravidade presente na sua composição. Tem estrutura de metal e esfera de vidro soprado.
Guilherme Wentz ganhou o iF Design Award e o Brazil Design Award, em 2013, pela elegante coleção K, de centros de mesa, desenhada para a Riva..
O vaso Pós-Tropical é um marco na carreira do designer. “A simplicidade das formas é ressaltada pela simplicidade da construção: os elementos são unidos por uma cinta metálica, fazendo referência a construções improvisadas e, de certa forma, primitivas”.
Da série Baixa, esta peça faz pensar sobre os limites entre poltrona, sofá, chaise e daybed. Para uma ou mais pessoas, é revestida por uma malha 3D feita a partir de PET reciclado, chamada WE–KNIT, com toque macio e sem costuras.
O encontro entre o design contemporâneo e os materiais tradicionais brasileiros resultaram na poltrona Tela. A trama do encosto é inspirada na “palhinha”, que, aqui, ganha uma versão em algodão. Tem estrutura de madeira e assento estofado.
A cadeira Tubo é “um percurso sensorial e fluido”, cujo desenho longo e sinuoso acompanha as partes da peça “em um fôlego só”. É estofada em tecido WE–KNIT, “que protege e acolhe o gesto de sentar, mimetizando articulações humanas”.
Uma imagem do mar em movimento. Esse é o ponto de partida para a criação da escultural mesa de centro Onda, em granito. A curva é “marcada pela amplitude do ponto de equilíbrio do repouso até a crista da onda. Um movimento das águas que apresenta força e delicadeza em um bloco de pedra brasileira”.
O detalhe da base da mesa Volta sugere os movimentos e remete “às lógicas de construção da natureza, enquanto a superfície com veio evidente da lâmina natural de madeira reforça o conceito orgânico da peça”.
A delicadeza do vaso Solo é embasada em um fino cano de metal, como se fosse a continuação do talo da planta. “O detalhe na curva é inspirado no trabalho artesanal feito com cana e bambu, que traz uma sensação de flexibilidade e naturalidade para o tubo rígido”.
O porcelanato é a matéria-prima com a qual Guilherme trabalha na linha Planos. Na foto, uma singular bancada abraça a cuba de piso. Desenho para a Portobello.
O primeiro móvel assinado por Guilherme, ainda na faculdade, foi a escrivaninha Officer. Tem estrutura em madeira maciça e tampo com corrediça, além de elegantes pés palito. Conta com nichos para guardar acessórios de trabalho e porta-copos. Para a Decameron.
A série Gravatá sintetiza a visão de Guilherme em relação à simplicidade funcional e visual do mobiliário. O assento pode utilizar a transparência do trançado da palha natural, remetendo a um estilo de vida litorâneo, mas também é encontrado em versão estofada. A estrutura é em madeira tauari.

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